Se você é uma mulher empreendedora, provavelmente está ciente dos desafios que enfrenta diariamente. De acordo com a pesquisa “Mulheres empreendedoras: contexto de atuação” realizada pela startup Olhi em 2023, mais da metade das mulheres que empreendem estão sobrecarregadas com tarefas de gestão e domésticas, o que dificulta sua dedicação aos negócios. O estudo também revelou que 54,9% das entrevistadas conciliam funções domésticas com o trabalho de empreendedora, dedicando mais de oito horas ao negócio por dia e mais de duas a quatro horas com as tarefas do lar.
Embora o empreendedorismo feminino esteja em ascensão, a experiência de empreender para as mulheres é diferente. Segundo Stefanie Schmitt, CEO da Olhi, as mulheres são tradicionalmente responsabilizadas pelo cuidado não remunerado, o que afeta o desempenho de seus empreendimentos. Além disso, muitas mulheres não se sentem preparadas para empreender e enfrentam dificuldades no acesso a capital, rede de apoio, ambientes de inovação e mercado. Mais da metade das mulheres empreendem sobrecarregadas.
Principais Pontos
- Mais da metade das mulheres que empreendem estão sobrecarregadas com tarefas de gestão e domésticas, o que dificulta sua dedicação aos negócios.
- A experiência de empreender para as mulheres é diferente, já que elas são responsabilizadas pelo cuidado não remunerado e muitas não se sentem preparadas para empreender.
- Mulheres enfrentam dificuldades no acesso a capital, rede de apoio, ambientes de inovação e mercado.
Perfil das mulheres empreendedoras
As mulheres empreendedoras são predominantemente brancas, com idade entre 35 e 44 anos e mais da metade delas possui pós-graduação, de acordo com pesquisa da Olhi com 235 respondentes. A independência profissional foi o principal motivo que levou 60,4% delas a iniciar seus negócios, enquanto 30,6% iniciaram para conciliar trabalho e maternidade.
Além disso, muitas mulheres empreendem por necessidade de prover renda, sendo que pouco mais de 20% cada responderam que o que as motivou foi sustentar a casa/família e complementar a renda.
A acumulação de tarefas e preocupações faz com que 62,2% das empreendedoras sintam exaustão e cansaço, além de ansiedade e sobrecarga. Mais da metade delas foram diagnosticadas com algum transtorno mental, como ansiedade, depressão, transtorno alimentar e síndrome do pânico.
A saúde mental é um dos fatores que afeta a performance de 74,5% do público feminino, além de comprometer as atividades de cuidado com familiares ou pessoas do convívio.
É importante ressaltar que as empreendedoras têm limites e não podem dar conta de tudo, mesmo que a cultura ainda as considere como multifacetadas.
Karine dos Santos Oliveira
Mais da metade das mulheres empreendem sobrecarregadas, mas isso não impediu Karine dos Santos Oliveira de fundar sua própria startup, a Wakanda Educação. Ela começou sua jornada empreendedora para atender outros empreendedores da sua região, no bairro Engenho Velho, em Salvador, que têm seus negócios como único meio de subsistência. Esses empreendedores incluem trançistas, cabeleireiras, barbeiros, vendedores de marmitas, revendedoras de revistas e ambulantes.
Karine destaca que a maioria desses empreendedores são pessoas negras que não faturam tanto assim e viu a necessidade de criar um ambiente de apoio que fosse mais acessível a esses empreendimentos. Ela fundou a Wakanda Educação para simplificar a linguagem e fornecer acesso a recursos para empreendedores que enfrentam dificuldades em seus negócios.
No entanto, Karine enfrentou diversas dificuldades nos primeiros anos devido à falta de investimentos, comentários de descrédito por ser uma mulher negra, jovem e periférica e à falta de representatividade no seu meio. Ela comenta que a concentração dos investimentos e dinheiro no eixo sul-sudeste foi mais uma dificuldade nesse processo.
Ouvir e caminhar ao lado de outras mulheres como ela foi o que mais a ajudou, afirma. Ela destaca que quando você começa a empreender, você se sente só, porque você tem que ser uma boa esposa, uma boa filha, uma boa aluna e uma boa empresária. Essa sobrecarga é manejada sozinha, mesmo que rodeada por uma equipe.
Karine dos Santos Oliveira é um exemplo inspirador de uma mulher empreendedora que superou diversos obstáculos para fundar sua própria startup e fornecer recursos para outros empreendedores que enfrentam dificuldades em seus negócios.
Marília Lima
Marília Lima é a fundadora da Cenoradas, uma loja especializada em bolo de cenoura. Ela iniciou seu negócio em um contexto bastante desafiador, durante a pandemia. Tudo começou quando ela enviou um bolo de cenoura para uma amiga, publicou nas redes sociais e acabou recebendo pedidos constantes para experimentar seu produto. O que começou em casa hoje escalou para quatro lojas e uma fábrica, além de mais de R$ 1 milhão em vendas entre janeiro e março de 2023.
Como empreendedora, Marília teve que renunciar a muitas coisas e usar seu dinheiro guardado. Ela conta que cada dia é um desafio e que se sente sobrecarregada várias vezes porque tem decisões difíceis que precisa tomar.
Marília se destaca na rede de delivery, usando seus conhecimentos de marketing para criar uma conexão com seu público através das embalagens e da experiência do unboxing que chega nas casas dos seus clientes. Ela conta que o que a ajudou no processo mais burocrático do negócio foi pesquisar bastante na internet. Além disso, ela acredita que o mais importante é acreditar no processo e não ouvir muito a opinião dos outros, já que pode ser algo ruim. Em vez disso, ela recomenda ouvir pessoas com negócios parecidos.
Marília é um exemplo de empreendedora bem-sucedida que superou os desafios da pandemia e transformou sua paixão em um negócio lucrativo. Seu sucesso mostra que, com dedicação e perseverança, é possível alcançar seus objetivos e fazer seus sonhos se tornarem realidade.
Lela Brandão
Lela Brandão é uma artista e empreendedora que fundou a Lela Brandão Co., uma loja de roupas confortáveis, e também é a criadora do podcast “Gostosas também choram”, disponível no Spotify. Inicialmente, ela começou como muralista, construindo uma comunidade sólida em suas redes sociais e posteriormente expandindo para o campo da comunicação. Observando a oportunidade, decidiu estabelecer um negócio que atendesse às necessidades dela e do seu público feminino, oferecendo roupas confortáveis e esteticamente agradáveis.
Atualmente, atuando como estilista e diretora de marketing da marca, Lela enfrenta desafios em ser levada a sério, especialmente por empreender ao lado de seu.
O podcast de Lela, criado com o intuito de estabelecer maior proximidade e vulnerabilidade com seu público predominantemente feminino, tem contribuído significativamente para as vendas.
Lela compartilha a observação de que as mulheres frequentemente enfrentam duplas ou triplas jornadas para equilibrar suas responsabilidades, conciliando uma carreira no mercado de trabalho.
Ela enfatiza a importância de evitar acumular tarefas para não se sentir sobrecarregada, incentivando a comunicação e compartilhamento de experiências entre mulheres para encontrar apoio.
Emily Ewell
No mundo da tecnologia, a presença feminina é limitada, com apenas 12,3% dos cargos sendo ocupados por mulheres. No entanto, Emily Ewell, CEO e co-fundadora da Pantys, desafia esses números. A Pantys é uma marca que oferece uma experiência mais positiva e sustentável no processo de menstruar, unindo moda, saúde e tecnologia.
Emily e sua sócia, Maria Eduarda Camargo, investiram seu próprio dinheiro por um ano até conseguirem um fluxo de caixa saudável. Elas tiveram dificuldades em conseguir investidores, mesmo tendo experiência no mercado.
Emily enfrentou situações desconfortáveis, desde abrir uma conta do correio até conversar com um fundo de investimento muito respeitado na América Latina. A resposta do fundo foi que elas precisavam de um sócio homem para ter sucesso e para o fundo ter interesse em investir nelas. Emily relata que a expectativa é que ela esteja fazendo algo “do ladinho”, que não é muito sério.
A dica que Emily deixa para outras mulheres empreendedoras é ouvir sem julgamentos. Ela acredita que o consumidor e a comunidade sabem muito e que é importante estar com a mente e o coração abertos para seguir projetos.
Informações | Detalhes |
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Nome | Emily Ewell |
Cargo | CEO e co-fundadora da Pantys |
Objetivo da marca | Oferecer uma experiência mais positiva e sustentável no processo de menstruar |
Investimento inicial | Investiram seu próprio dinheiro por um ano |
Dificuldades encontradas | Acesso a fundos de investimentos e situações desconfortáveis no mundo do empreendedorismo |
Dica para mulheres empreendedoras | Ouvir sem julgamentos e estar aberta para projetos que atendam a necessidades reais |
Conclusão
A equipe do MEX está pronta para ajudá-lo(a) a empreender com sucesso. Além disso, acompanhe o GEX News para se manter atualizado(a) sobre o mundo dos negócios e receber dicas valiosas sobre empreendedorismo.